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Ensino e Pesquisa

Minha pedagogia como docente em dança se origina do processo de criação da obra Corpo Desconhecido. Desta experiência artística resultaram três elementos principais, que constituem meus principais pilares pedagógicos: os processos da percepção; os micromovimentos e a paragem (LEPECKI, 2005).

 

A paragem é uma pausa, é um momento de mudança de percepção integrada em meu fazer dança a partir de um conceito oriundo do campo da Educação Somática: a Inibição (Técnica Alexander).  É a inibição de movimentos externos que resulta na experiência de micromovimentos. A paragem é uma estratégia do meu corpo para poder continuar dançando.

 

Porém, no contexto da obra Corpo Desconhecido a paragem não é apenas uma estratégia de criação, mas um ato de resistência. O foco está no corpo cênico, convidado a dirigir sua atenção ao que está acontecendo antes da intenção consciente de mover-se.

Nas palavras de Lepecki (2005):

 

Ela [a paragem] não é sinônimo de congelamento. Antes, o que a paragem faz é iniciar o sujeito em uma outra relação com a temporalidade. A paragem opera no nível do desejo do sujeito de inverter uma certa relação com o tempo e com alguns ritmos corporais (preestabelecidos). Engajar-se no parado significa, então, engajar-se em novas experiências da percepção de sua própria presença.

 

 

CINTHIA KUNIFAS

 

Como docente do Curso de Dança e Artes Cênicas da UNESPAR/Campus de Curitiba II (Curitiba, Brasil), organizo minha pratica artística e de pesquisa em torno de metodologias de ensino/criação em dança em laboratórios de investigação do movimento. O objetivo de minha pedagogia é de contribuir para a formação do cidadão/artista através de um alargamento da percepção de si próprio e do mundo; a arte sendo promotora de encontros de indivíduos consigo mesmos e com o Outro.

 

Seja como preparadora corporal da CiaSenhas de Teatro de Curitiba e orientadora de projetos de pesquisa em Dança, ou facilitadora de projetos para a comunidade de não-bailarinos, minha atuação professional é uma síntese dos campos da Dança; Educação Somática (Técnica de Alexander, Fundamentos Bartenieff) e Terapia (Somatic Experiencing®).

2009 - 2014

Projeto de Extensão Universitária Movimento e Envelhecimento desenvolvido nos Asilos Santa Clara e São Vicente de Paulo, Curitiba

Apoio: UNESPAR/Campus de Curitiba II – FAP

Coordenação: Cinthia Kunifas

Fotos: Sergio Ariel

O projeto de extensão Movimento e envelhecimento tem início em 2009 com o título Dança como continuidade para as moradoras do Asilo Santa Clara, em Curitiba. Em 2012, migra para o Asilo São Vicente de Paulo onde permanece até 2014. Ambas as instituições são mantidas pela Ação Social do Paraná e atendem um público de mulheres idosas de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social.

 

Apoiado pela UNESPAR/Campus de Curitiba II – FAP e sob minha coordenação, o trabalho se situa nos campos da Dança e da Educação Somática e tem como objetivo promover mais saúde e bem estar por meio do movimento.

 

Ao longo de seis anos de trabalho, o convite à percepção consciente do movimento revelou-se como uma potência mobilizadora que encontrou uma força contrária a sua plena realização: a tendência à imobilidade promovida pela estrutura asilar. Deste conflito de forças – mobilidade e imobilidade – muito foi conquistado, mas não sem a colaboração dos parceiros. Um deles foi o tempo. A insistência nesta proposta promoveu a criação de vínculos afetivos, os quais se revelam fundamentais na mobilização do indivíduo como um todo.

 

PARCEIROS

A pesquisa de Mestrado em Antropologia Social desenvolvida por Tatiane Limont Barcellos, nos Asilos Santa Clara e São Vicente de Paulo trouxeram para o trabalho questionamentos fundamentais relacionados ao exercício do poder (Foucault). As discussões levantadas pela Comissão de Acessibilidade da UNESPAR-FAP, presidida por Andréa Sério, conduziram o projeto a um outro patamar, no qual a ideia de acesso à arte, ao conhecimento alcança sua amplitude máxima. A participação dos alunos do Curso de Dança da UNESPAR/FAP no contato direto com o corpo das idosas, nas aproximações feitas pelas palavras, pelos toques, pelos olhares, potencializou a proposta inicial, onde eu era a única facilitadora. Esse corpo-a-corpo entre jovens e idosos possibilitou aos alunos estagiários um alargamento de suas definições de movimento em dança e movimento na vida.

 

Depoimento de uma aluna do Curso de Dança em 2012:

 

                                  

 

 

 

 

 

 

 

 

Um dos maiores aprendizados deste projeto foi a possibilidade de se estabelecer um canal de comunicação efetiva por meio de uma abordagem nao-verbal sensível, afetiva – afetar e ser afetado pelo outro (ROLNIK, 1997).

 

A   realidade dos corpos tende a um bandono.  E as minhas sensações foram ambíguas, porque ao mesmo tempo em que eu sentia um estranhamento pela indignação àquela realidade, também me encantava pelas respostas tão positivas em retorno aos estímulos propostos. A vivacidade daqueles corpos, marcados por histórias diferentes, está em um outro lugar... em simples e sutis movimentos.

2014 - atual

Projeto Affordance

Fotos: Andréa Sério

Nó movimento em rede, Curitiba

Direção: Andréa Sério

Colaboradora da Nó movimento em rede desenvolvendo um trabalho de percepção/criação com a dançarina Claudia Fantin.


Nó movimento em rede foi criada por Andréa Sério e Claudia Fantin com a proposta de discutir/criar movimento a partir do compartilhamento de autonomias entre áreas/corpos/pensamentos distintos, assumindo a coexistência entre ordem e desordem como pressuposto do processo de produção de conhecimento.

Facebook www.facebook.com/no.mov.rede
 

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